E porque nos dias nem sempre brilha o sol

Sigo em busca dos momentos onde mesmo sem sol, os meus olhos brilharam de tamanha felicidade. Consigo pregá-los nas paredes da minha vida e ir lá buscá-los para fazerem de dias mais tristes dias menos maus e assim é mais fácil continuar...

Pequenos momentos que ficaram guardados na memória como sendo sublimes:

Olhar a minha filha a dormir no berço do hospital da cruz vermelha, nos primeiros dias de vida

O coeiro amarelo, o gorro branco e rosa, e vê-la dormir.

Chegar à UCIN e ver a paz do meu filho a dormir, mesmo sabendo de todos os riscos.

O Raul pai a dizer-me eu tenho a certeza que ele vai viver, mesmo sem certeza nenhuma.

A voz da minha irmã mais velha no recobro das cirurgias. Os abraços dela.

Os meus amigos a darem-me iogurte à boca no IPO por estar tão magra.

As visitas das minhas irmãs ao hospital de Faro, quando fiz a gastrectomia.

Colocavam-me creme, penteavam-me.

As tardes a dormir e batidos da Idália na casa da mana, onde para recuperar consegui ter os sonhos mais belos de sempre.

A manga que a minha mana do meio me levou quando fui operada à vesícula grávida ;)

As idas ao café na praia, na primavera, com pouca gente.

As duas árvores da casa do Raul na amoreira (as nossas duas árvores ainda lá estão).

E é por isso que em dias mais cinzentos, consigo ver tantas cores.